RENATA E RAPHAEL
A caminhonete freou sobre o asfalto quente, com senhor bem gordo piscando abismado para os heróis que surgiam no meio da estrada. Chase e Melissa avançaram, o primeiro com uma mão no distintivo e outra no coldre da arma.
-Já era hora! -Exclama Walkman, aproximando-se do carro com ansiedade. A caminhonete transportava diversas caixas contendo frutas e verduras.
O motorista, já calvo pela idade, insistiu em não sair do veículo, alegando que perderia o emprego. Quando a discussão esquentou e o velho ameaçou sair da caminhonete para brigar com Chase, Walkman interviu.
Minutos depois, o agente especial e o herói de visor brilhante seguravam-se como podiam entre melancias e abacaxis, na caçamba do veículo. A rainha guerreira estava sentada ao lado do motorista, meio tonta com o cheiro de pinho barato que infestava os tecidos e o couro da cabine. O rádio estava ligado, e no noticiário da manhã, era possível ouvir o jornalista do programa matinal falando sobre os acontecimentos do dia passado.
"...criaturas continuam sendo avistadas nos arredores da cidade, espalhando o caos e dando trabalho para as autoridades. Nesta madrugada, o senhor Lou Shuen, dono de uma loja de conveniências, teve seu estabelecimento atacado por uma destas criaturas.
-Eu estava dormindo no andar de cima quando minha esposa ouviu barulhos vindos da loja. Desci com minha espingarda pensando que fossem ladrões, e imagine minha surpresa ao ver uma criatura horrível comendo todos os brownies da minha loja! Chamei a polícia e ataquei o ladrão, mas ele fugiu pela vitrine antes da polícia chegar!
O comissário da polícia, Norman Adams, decretou estado de emergência e o prefeito de Capital City, Alexander Goodman pediu ajuda ao governador para trazer o Exército para a cidade.
-Não sabemos qual a origem destas criaturas, mas elas obviamente parecem não pertencer ao nosso país, talvez nem mesmo pertençam a este mundo. A prioridade agora é a segurança da nossa população. As forças armadas foram alertadas e, ao que tudo indica, estes acontecimentos são fruto da atividade meta-humana em nosso país.
O prefeito de Capital City comunicou oficialmente em uma reunião de emergência que ainda é cedo para acreditar em uma possível invasão, e que é fundamental não haver pânico. -Temos a situação sob controle, são casos isolados em determinados focos da cidade."O velho tomou um gole no copo de café que trazia no suporte ao lado de seu assento, encarando seus caronas através do espelho retrovisor.
-Jesus, onde esse mundo vai parar? Vocês dois são mascarados, não são? E o senhor é da polícia, num é? Pois vocês deviam é dar um jeito nesses bichos antes que mais alguém seja machucado. É o trabalho de vocês, oras! Pagamos impostos por isso!-A gente faz o que pode, tio, mas entre nós, só o bonitão aqui -Aponta para Chase.
-É remunerado pra fazer o que a gente faz.A caminhonete segue cidade adentro enquanto o grupo conversa. Viaturas da polícia estão por toda parte, fazendo patrulha. Walkman guia o motorista para seguir até a "Piscina do Inferno", apelido carinhoso dos cidadãos da cidade para um bairro barra pesada da cidade. O motorista pára o veículo em uma quadra onde uma grande fábrica estava abandonada, cercada por grades sujas e pixações. Durante o dia, diversas pessoas caminhavam pela calçada, indo para o trabalho ou para as feiras próximas.
Enquanto desciam, Walkman alertava os novos colegas.
-Certo gente, dentro daquela construção fica o laboratório de um vendedor de drogas muito esperto aqui da cidade. Ele não é humano, não é humano mesmo, mas saca muito do submundo e das coisas que rolam por baixo dos panos. Ele ocasionalmente me ajuda. Chamam ele pelas ruas de Violinista, mas não se deixem enganar. Ele já foi um vilão do Capitão Sky. E ele é muito perigoso, mas é a única pessoa que sabe onde podemos encontrar o grandalhão e as drogas que ele toma.