GAIJIN
Centro Hospitalar Goodman, Silver City, 22h41 de quinta-feira, dois dias atrás.
-Eu, Guardião Arcano, nono senhor do Pomo de Ébano, servo da Grande Ordem e agente do divino Equilíbrio, ordeno! Saia desta casca mortal, criatura da escuridão e da vingança! AGORA!
O longo braço de marfim do Guardião Arcano esticou-se na direção da monstruosidade em que Leon havia se transformado. Quando os dedos do herói se abriram, a palma emanou uma luz mágica tão forte que o quarto do hospital se iluminou por completo.
A criatura negra presa à cama sibilou e gritou como se estivesse sendo queimada, sacudindo-se como uma louca enquanto arregalava seus olhos vazios e assustadores. Uma fumaça fedorenta emanava de seu corpo, e todos os móveis do quarto vibravam como se tivessem vida própria.
Kimberly não agüentava mais assistir aquilo, e desgarrou-se dos braços da família de Leon, correndo na proteção daquilo que sobrava dele. -NÃO! Você vai matá-lo! -Gritou ela, atirando-se em frente da luz que o Mago Supremo desferia contra a criatura.
-Kimberly! Deixe o senhor Arcano fazer o que precisa! Ele só está tentando ajudar o meu filho! -O pai de Leon tinha lágrimas no rosto. Se para uma família era difícil lidar com um filho em coma, imagine como reagir diante de uma aberração crescendo como um câncer dentro do garoto.
-A garota está certa. -O Guardião Arcano baixou a mão coberta pela luva azul. Sua figura não tocava o chão, flutuando alguns centímetros sobre o piso. Sua longa capa estava aberta como se não existisse gravidade no mundo, e sua face totalmente branca e sem emoções continuava voltada para a criatura, que agora parecia semi-consciente, respirando com cansaço.
-Não posso exorcizar o espírito que habita o corpo de seu filho. Suas almas estão fundidas, costuradas por uma magia antiga. Eu poderia partir o encanto, mas o trauma seria grande a ponto de cessar a vida do seu garot...
Mal o vigia da magia terminava de cerrar seus lábios, e a criatura negra explodiu em uma fumaça negra. As enfermeiras e a família de Leon gritaram de susto, mas o herói movia suas mãos em posições específicas, erguendo um encanto brilhante que fez a criatura reaparecer na cama mais uma vez, gritando de frustração e ódio. O ninja de sombras e magia ergueu seu braço em direção do Arcano, surpreendentemente disparando de seu pulso uma lâmina negra e um cabo místico com força suficiente para atravessar uma parede.
A lãmina cessou seu caminho a um centímetro da face do Guardião, para então lentamente se desfazer em poeira escura. Todos os truques do monstro eram neutralizados pelo mago.
-Desista Kaijiro! Você não conseguirá escapar nem de mim nem de meu comando, espírito atormentado. Agora SUMA!
O mago supremo meneou a mão, e ao mesmo tempo a criatura dissolveu-se em poeira da mesma forma que suas armas. Em seu lugar, estava um rapaz inconsciente, suado e pálido. As sombras recolheram-se para dentro de seus olhos, narinas e boca, como baratas fugindo da luz. Guardião Arcano permaneceu em silêncio, recolhendo-se dentro de seu manto.
-Kaijiro? O que é isso? Você conhece ele? -Gritou a namorada de Leon, com os nervos a flor da pele. O mago permaneceu em silêncio, de olhos fechados, enquanto as enfermeiras recolhiam objetos espalhados pelo chão que haviam caído durante a tentativa de exorcismo. -Me responda! -Gritou ela em lágrimas, com o pai de Leon segurando-a nos braços. A família sofria muito.
-Eu guardo dentro deste objeto... -Guardião apontou para o Pomo de Ébano encravado em seu peito, como uma enorme pérola negra que continha estrelas em seu interior. -...o conhecimento de mil eras, e além. Sim, eu conheço a alma que está presa dentro de seu filho. Ela, como ele, está amaldiçoada por um pequeno e traiçoeiro deus oriental. Zazu. Mas foi ela quem escolheu isso.
-Mas o que faremos agora? Não podemos deixá-lo assim, a vida dele está em jogo! Você não pode curá-lo? -A mãe de Leon sentia vontade de sair correndo e agarrar aquele mago misterioso pelo colarinho. Mas tinha medo da possibilidade dele saber isso.
-O espírito contido no seu filho não apresenta nenhum risco para ele...ainda. É um espírito rebelde, irascível e inteligente, mas é constituído basicamente pela vontade de justiça e rancor. Relativamente inofensivo para quem esteja fora de sua busca. A união destes dois espíritos foi profetizada há séculos atrás, e agora sobrevivem em uma simbiose espectral. Não há o que fazer no momento.
-Não há o que fazer?
-NO MOMENTO, não. Até chegar a hora, porém, eu conheço quem possa ajudar.
Centro Hospitalar Goodman, Silver City, 22h41 de quinta-feira, dois dias atrás.
-Eu, Guardião Arcano, nono senhor do Pomo de Ébano, servo da Grande Ordem e agente do divino Equilíbrio, ordeno! Saia desta casca mortal, criatura da escuridão e da vingança! AGORA!
O longo braço de marfim do Guardião Arcano esticou-se na direção da monstruosidade em que Leon havia se transformado. Quando os dedos do herói se abriram, a palma emanou uma luz mágica tão forte que o quarto do hospital se iluminou por completo.
A criatura negra presa à cama sibilou e gritou como se estivesse sendo queimada, sacudindo-se como uma louca enquanto arregalava seus olhos vazios e assustadores. Uma fumaça fedorenta emanava de seu corpo, e todos os móveis do quarto vibravam como se tivessem vida própria.
Kimberly não agüentava mais assistir aquilo, e desgarrou-se dos braços da família de Leon, correndo na proteção daquilo que sobrava dele. -NÃO! Você vai matá-lo! -Gritou ela, atirando-se em frente da luz que o Mago Supremo desferia contra a criatura.
-Kimberly! Deixe o senhor Arcano fazer o que precisa! Ele só está tentando ajudar o meu filho! -O pai de Leon tinha lágrimas no rosto. Se para uma família era difícil lidar com um filho em coma, imagine como reagir diante de uma aberração crescendo como um câncer dentro do garoto.
-A garota está certa. -O Guardião Arcano baixou a mão coberta pela luva azul. Sua figura não tocava o chão, flutuando alguns centímetros sobre o piso. Sua longa capa estava aberta como se não existisse gravidade no mundo, e sua face totalmente branca e sem emoções continuava voltada para a criatura, que agora parecia semi-consciente, respirando com cansaço.
-Não posso exorcizar o espírito que habita o corpo de seu filho. Suas almas estão fundidas, costuradas por uma magia antiga. Eu poderia partir o encanto, mas o trauma seria grande a ponto de cessar a vida do seu garot...
Mal o vigia da magia terminava de cerrar seus lábios, e a criatura negra explodiu em uma fumaça negra. As enfermeiras e a família de Leon gritaram de susto, mas o herói movia suas mãos em posições específicas, erguendo um encanto brilhante que fez a criatura reaparecer na cama mais uma vez, gritando de frustração e ódio. O ninja de sombras e magia ergueu seu braço em direção do Arcano, surpreendentemente disparando de seu pulso uma lâmina negra e um cabo místico com força suficiente para atravessar uma parede.
A lãmina cessou seu caminho a um centímetro da face do Guardião, para então lentamente se desfazer em poeira escura. Todos os truques do monstro eram neutralizados pelo mago.
-Desista Kaijiro! Você não conseguirá escapar nem de mim nem de meu comando, espírito atormentado. Agora SUMA!
O mago supremo meneou a mão, e ao mesmo tempo a criatura dissolveu-se em poeira da mesma forma que suas armas. Em seu lugar, estava um rapaz inconsciente, suado e pálido. As sombras recolheram-se para dentro de seus olhos, narinas e boca, como baratas fugindo da luz. Guardião Arcano permaneceu em silêncio, recolhendo-se dentro de seu manto.
-Kaijiro? O que é isso? Você conhece ele? -Gritou a namorada de Leon, com os nervos a flor da pele. O mago permaneceu em silêncio, de olhos fechados, enquanto as enfermeiras recolhiam objetos espalhados pelo chão que haviam caído durante a tentativa de exorcismo. -Me responda! -Gritou ela em lágrimas, com o pai de Leon segurando-a nos braços. A família sofria muito.
-Eu guardo dentro deste objeto... -Guardião apontou para o Pomo de Ébano encravado em seu peito, como uma enorme pérola negra que continha estrelas em seu interior. -...o conhecimento de mil eras, e além. Sim, eu conheço a alma que está presa dentro de seu filho. Ela, como ele, está amaldiçoada por um pequeno e traiçoeiro deus oriental. Zazu. Mas foi ela quem escolheu isso.
-Mas o que faremos agora? Não podemos deixá-lo assim, a vida dele está em jogo! Você não pode curá-lo? -A mãe de Leon sentia vontade de sair correndo e agarrar aquele mago misterioso pelo colarinho. Mas tinha medo da possibilidade dele saber isso.
-O espírito contido no seu filho não apresenta nenhum risco para ele...ainda. É um espírito rebelde, irascível e inteligente, mas é constituído basicamente pela vontade de justiça e rancor. Relativamente inofensivo para quem esteja fora de sua busca. A união destes dois espíritos foi profetizada há séculos atrás, e agora sobrevivem em uma simbiose espectral. Não há o que fazer no momento.
-Não há o que fazer?
-NO MOMENTO, não. Até chegar a hora, porém, eu conheço quem possa ajudar.